Cálculo Renal
Uma pedra é dita renal quando está localizada na pelve renal ou em algum cálice renal. Quando é uma peça maior e se molda à configuração anatômica da pelve renal e a pelo menos dois cálices renais, passa a ser denominada de coraliforme. Define-se como cálculo renal quando o mesmo está localizado na pelve renal ou em um grupo calicial. Quando o cálculo está presente na pelve renal e também em dois ou mais grupos caliciais é chamado de cálculo coraliforme.
Avaliação diagnóstica
Havendo suspeita de cálculo renal deve-se realizar exames por imagem para o diagnóstico, podendo ser realizado um raio x simples de abdômen, ultrassonografia do trato urinário, tomografia computadorizada de abdômen ou à radiografia contrastada dos rins (urografia excretora).
Na vigência de cólica renal, realiza-se mais frequentemente a ultrassonografia do trato urinário ou a tomografia computadorizada de abdômen. O exame de ultrassonografia tem um custo menor, mas não é tão preciso no diagnóstico. A tomografia computadorizada de abdômen tem um custo maior, mas tem uma maior precisão diagnóstica. Tem também uma grande vantagem sobre os outros métodos diagnósticos porque permite medir a densidade do cálculo (dureza do cálculo) em unidades Hounsfield (UH) e assim permitir, quando indicado um tratamento intervencionista, escolher o melhor método (litotripsia extracorpórea por ondas de choque, ureteroscopia, nefrolitotripsia percutânea, cirurgia a céu aberto).
Sabemos que um dos tratamentos do cálculo renal é a sua fragmentação com a litotripsia extracorpórea por ondas de choque. No entanto, sabemos que os cálculos que têm menos do que 500UH fragmentam com mais facilidade (80 a 100%), entre 500 e 1000 UH fragmentam menos (70%) e acima de 1000 UH quase não fragmentam (0 a 26%).
Nos dias atuais, o exame de urografia excretora tem sido usado com menos frequência como diagnóstico de cálculo renal por não apresentar as vantagens da tomografia computadorizada.
Quando tratar
Cálculos renais localizados na pelve renal ou nos grupos caliciais médio e superior maiores do que 6 milímetros devem ser tratados. Quando não tratados, podem migrar para o ureter, causar entupimento e consequente dilatação das vias urinárias e cólica renal. Em situações mais graves, o paciente pode ter infecções do trato urinário, infecção generalizada através do sangue e até risco de vida. Os cálculos renais localizados no grupo calicial inferior migram para o ureter com menos frequência e, quando assintomáticos, podem eventualmente ser acompanhados clinicamente.
Tratamento clínico
Quando o paciente tiver cálculo de ácido úrico, pode ser considerada a possibilidade de tomar medicamentos por via oral e o cálculo ser dissolvido quimicamente. Cálculos menores do que 6 milímetros podem ser expelidos sem tratamento específico, ressaltando que o paciente pode ter cólica renal durante a sua eliminação. Cálculos que não sejam de ácido úrico e tenham mais do que 6 milímetros devem ser tratados por algum método intervencionista.
Tratamento intervencionista
O tratamento do cálculo renal deve inicialmente ser separado entre cálculos maiores do que 2 centímetros e menores do que 2 centímetros, podendo estar localizados na pelve renal e/ou grupos caliciais superior, médio e inferior. Os cálculos renais maiores do que 2 centímetros devem ser tratados por meio de litotripsia extracorpórea por ondas de choque e nefrolitotripsia percutânea. Em casos específicos de cálculo localizado em pelves renal dilatada pode também ser considerada como opção a abertura da pelve renal e a retirada da pedra (pielolitotomia laparoscópica). Neste grupo de pacientes, havendo a falha da litotripsia extracorpórea por ondas de choque, deve-se recorrer à nefrolitotripsia percutânea. Os cálculos renais menores do que 2 centímetros podem inicialmente ser tratados por meio de litotripsia extracorpórea por ondas de choque e, havendo falha com esse tratamento, devem ser tratados por meio de nefrolitotripsia percutânea ou por via ureteral com aparelho endoscópico fino e flexível (uréteroscopia flexível).
Os cálculos localizados em grupo calicial inferior, menores do que 1 centímetro e sem dilatação calicial podem ser tratados inicialmente por meio de litotripsia extracorpórea por ondas de choque. Porém, os cálculos maiores do que 1 centímetro ou os cálculos menores do que 1 centímetro em que houve falha do tratamento com a litotrícia extracorpórea por ondas de choque, devem ser tratados por meio de nefrolitotripsia percutânea ou por ureteroscopia flexível.
Por: Hospital Sírio Libanês.
Publicado em: 02/06/2016.