A bursite trocantérica é uma inflamação na bursa trocantérica, causando dor na lateral do quadril. Seu tratamento é na maioria dos casos feito com Fisioterapia.

O que são bursites?

Bursites são inflamações que acometem as bursas, pequenas bolsas encontradas sobre as proeminências ósseas no corpo humano, que servem para proteger tais proeminências de traumas e contusões.

Diversas são as causas de inflamações nas bursas, e as principais são:

  • Traumas agudos na bursa, tais como quedas e pancadas no local
  • Esforço repetitivo envolvendo a articulação na qual a bursa se encontra
  • Alterações degenerativas no local
  • Infecções causadas por bactérias, entre elas a da tuberculose
  • Microtraumas de repetição no local; exemplos dessa causa seriam uma pessoa que costuma se deitar de lado em superfícies rígidas, causando bursite trocantérica ou uma pessoa que se ajoelha muito, causando bursite pré-patelar (no joelho)
  • Encurtamento dos tecidos ao redor da bursa, causando atrito constante sobre ela

A principal bursa acometida no quadril é a bursa trocantérica, encontrada na região lateral do quadril, que quando inflamada, causa a bursite trocantérica.

Essa patologia é muito comum em mulheres na faixa etária de 40 a 60 anos, e uma das bursites mais comuns do corpo humano. É uma das principais queixas no consultório do ortopedista Especialista em Quadril.

Quais são os sintomas da bursite trocantérica?

De maneira geral, as bursites causam dor no local acometido, exacerbada pela movimentação, esforço ou trauma local.

No caso da bursite trocantérica, o paciente costuma queixar-se de dor na região lateral do quadril, que piora ao andar, subir ou descer escadas, cruzar as pernas e principalmente, deitar-se sobre o quadril acometido.

Tais sintomas muitas vezes limitam as atividades diárias que o paciente consegue exercer, além de impedir que ele realize atividades físicas, principalmente as mais intensas.

Sintomas como vermelhidão, inchaço e aumento de temperatura no local da dor são incomuns na bursite inflamatória, e devem alertar para a possibilidade de bursite infecciosa, ou seja, causada por bactérias.

Como é feito o diagnóstico?

Na grande maioria dos casos, o diagnóstico da bursite trocantérica é clínico, ou seja, com a realização de uma anamnese detalhada (história relatada pelo paciente, complementada por algumas perguntas feitas pelo médico), e um exame físico minucioso feito pelo ortopedista especialista.

A avaliação clínica pode ser complementada com exames de imagem, que fornecem informações adicionais referente ao quadro do paciente. Os principais exames solicitados são:

  • Radiografias simples (RX): fornecem informações da conformação e relação óssea no quadril do paciente, podendo evidenciar má formações ósseas ou artrose no quadril. O RX não costuma mostrar alterações de tecidos moles, tais como tendões, bursas e músculos.

Fonte da imagem: https://www.drfelipebessa.com.br/bursite-trocanterica/

RX de bacia mostrando a conformação óssea dos quadris e a relação entre a cabeça do fêmur e a bacia. Não é possível identificar os tecidos moles pelo RX.

Ultrassom: exame que mostra alterações nas partes moles do quadril, como tendões e bursas. Sua vantagem é que pode ser realizado no próprio consultório médico. Quando identifica uma bursite trocantérica, geralmente conta no laudo o termo “distensão líquida da bursa trocantérica”.

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Aparelho de ultrassom, que é um dispositivo portátil, permitindo a realização do exame no consultório médico.

Ressonância Magnética: é o exame que mais informações fornece, mostrando em detalhes a parte óssea e tecidos moles da articulação do quadril. Evidencia processos inflamatórios nas bursas e tendões do quadril, lesões musculares e desgastes até mesmo em estágios iniciais. Geralmente nos laudos, constam os termos “edema da gordura interposta entre o trocanter maior do fêmur e o trato iliotibial” e “atrito”.

Fonte da imagem: https://www.drfelipebessa.com.br/bursite-trocanterica/

Imagens de Ressonância Magnética evidenciando bursite trocantérica acentuada a esquerda, com importante distensão líquida nessa estrutura.

Como é o tratamento da bursite trocantérica?

O tratamento da bursite trocantérica se inicia com compressas locais, medicações analgésicas e anti-inflamatórias, alongamento e fortalecimento.

A Fisioterapia é extremamente eficaz no tratamento da bursite trocantérica, e é realizada com ênfase na desinflamação local, fortalecimento da musculatura adjacente, alongamento e liberação mio-fascial.

Além disso, mudanças em alguns hábitos de vida, tais como permanecer longos períodos sentado com as pernas cruzadas e deitar de lado sobre o quadril acometido, também tem um papel importante no tratamento dessa patologia.

Nos casos em que o tratamento inicial não é eficaz, podem ser realizadas infiltrações na bursa trocantérica, no próprio consultório médico, com pouco ou nenhum desconforto para o paciente.

Essas infiltrações podem ser de dois tipos:

  • Infiltrações simples: são realizadas com a aplicação de analgésicos locais e corticóides (medicações com ação anti-inflamatória) na bursa inflamada. Costumam promover um alívio sintomático mais curto, em torno de 6 a 8 semanas, mas permitem que nesse período o paciente se dedique mais ao seu tratamento, fazendo com que a analgesia possa ser mais duradoura.
  • Infiltrações com PRP: o PRP é o plasma rico em plaquetas. Retira-se sangue do paciente, da mesma maneira que são realizados exames de sangue em laboratório. Esse sangue é colocado em uma centrífuga, que separa os glóbulos vermelhos do plasma. Esse plasma remanescente tem uma elevada concentração de plaquetas, que liberam diversos fatores de crescimento, com capacidades imuno-modulatórias e reparadora no local onde é aplicado, estimulando a regeneração tecidual e promovendo um alívio da dor mais duradouro que a infiltração simples. Geralmente é realizada em 3 sessões, com intervalo de 3 semanas entre cada uma delas.

Fonte da imagem: https://www.drfelipebessa.com.br/bursite-trocanterica/

Imagem ilustrando uma infiltração na bursa trocantérica inflamada, que pode ser realizada com analgésicos locais e corticóides, ou com plasma rico em plaquetas (PRP), e uma centrífuga utilizada para o preparo do PRP.

Apenas os casos que não apresentam melhora com todos os tratamentos acima, são submetidos a cirurgia.

No tratamento cirúrgico é feita a retirada da bursa trocantérica inflamada, podendo ser feito de forma aberta, com uma pequena incisão na lateral do quadril ou por meio da artroscopia do quadril, realizada com o auxílio de uma câmera e instrumentos pouco invasivos, introduzidos por pequenos cortes na pele, chamados de portais.

Em qualquer uma das opções cirúrgicas, o paciente pode receber alta para casa no mesmo dia da cirurgia, já andando apenas com o uso de muletas, sem necessidade de repouso prolongado.

Toda dor na lateral do quadril é bursite trocantérica?

Apesar de o termo bursite trocantérica ser muito conhecido e vastamente utilizado pelos médicos, principalmente os ortopedistas, nem sempre uma dor na região lateral do quadril é de fato uma bursite trocantérica.

Existem outras estruturas nessa localização que podem gerar sintomas semelhantes aos da bursite, e em alguns casos, se apresentam em associação com a bursite trocantérica.

Outras patologias que geram dor na lateral do quadril são:

  • Tendinite glútea: apesar do nome, essa patologia não acomete a região da nádega e sim a lateral do quadril, uma vez que é uma inflamação dos tendões glúteos médio e mínimo, que estão logo abaixo da bursa trocantérica. Eles são extremamente importantes no quadril, e quando inflamados, causam dor e limitações aos pacientes, podendo inclusive interferir na capacidade de deambulação.
  • Ressalto externo do quadril: essa patologia ocorre porque uma das estruturas na lateral do quadril, o trato iliotibial, faz um ressalto sobre o trocanter maior do fêmur com alguns movimentos do quadril, causando um estalo e possivelmente dor nessa região.

Fonte da imagem: https://www.drfelipebessa.com.br/bursite-trocanterica/

A primeira imagem mostra uma Ressonância Magnética evidenciando uma tendinite de glúteo médio e a segunda, ilustra o ressalto externo do quadril, patologias que tem sintomas semelhantes aos da bursite trocantérica.

Dessa forma, uma avaliação minuciosa, conforme já descrito neste texto, é essencial para que se faça o diagnóstico correto, permitindo o melhor tratamento para o paciente.

POR: Dr. Felipe Spinelli Bessa

PÚBLICADO EM: 11 de maio de 2022

FONTE: https://www.drfelipebessa.com.br/bursite-trocanterica/

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