Exames especiais para avaliação do bem-estar fetal

O grande desafio do obstetra reside na necessidade de cuidar de duas vidas simultaneamente. Uma delas, a mãe, pode expressar seus sentimentos, responder a perguntas e ser examinada. A outra, o feto, está escondida, longe da nossa vista, e todas as informações a seu respeito são obtidas através de métodos indiretos – exames sofisticados que avaliam o bem-estar fetal. A gestação, desde a concepção até o nascimento do bebê, é comparada a uma jornada tão perigosa quanto uma viagem espacial, em que as ameaças e complicações devem ser prontamente reconhecidas e diagnosticadas a fim de serem corrigidas com a máxima rapidez. O bebê enquanto no útero, tem muito em comum com os astronautas quando estão em uma nave espacial, pois o contato deles com aqueles que influenciam e controlam seu bemestar, depende também de aparelhos de alta tecnologia. Veremos adiante os principais exames.

Fibronectina Fetal

O teste Fibronectina Fetal (identificação precoce do risco de parto prematuro), é o primeiro exame bioquímico para identificar gestantes com risco de parto prematuro. Identificada pela primeira vez por cientistas americanos em 1985, a Fibronectina Fetal (FFn) é uma proteína presente na placenta, que, acreditase, tem a função de promover a implantação do óvulo fecundado no útero. Ao final da gestação, essa proteína perde suas propriedades aderentes, permitindo, assim, o descolamento da placenta e das membranas amnióticas que envolvem o feto. A presença da Fibronectina Fetal na secreção vaginal da mulher é sinal de que o parto está prestes a acontecer. Até hoje, os médicos identificavam os casos de prematuridade baseados em sintomas e sinais clínicos como contrações, dores no baixo ventre, alterações na secreção vaginal e no colo do útero. A identificação das gestantes que apresentam risco de prematuridade permite aos médicos a adoção de procedimentos necessários para evitar o parto prematuro, e, assim, não só reduzir a alta taxa de mortalidade entre os recém-nascidos, como também os altos custos de tratamento intensivo exigido por esses bebês. É um teste de boa aplicação nas gestantes em geral, pois detecta eventuais riscos de parto prematuro mesmo que essa mulher não apresente nenhum sintoma.

EGE e SLUDGE

São exames que podem detectar os riscos de parto prematuro. Devem ser feitos preferencialmente durante o ultra-som morfológico de segundo trimestre (20 a 22 semanas de gestação), são representados por imagens ultrassonográficas. O EGE (Eco Glandular Endocervical) consiste na avaliação das glândulas que estão normalmente no colo uterino (ou canal cervical) – região terminal do útero que está em contato com a vagina e que se dilata durante o parto. Quando estas glândulas deixam de ser visibilizadas pelo ultra-som, significa que esta havendo um processo de maturação antecipada do colo uterino e por isto há um maior risco de parto prematuro. O SLUDGE (Pontos Hiperecogênicos ou “Reluzentes” na cavidade uterina semelhante a um “barro” do liquido amniótico – “Sludge” é uma palavra do idioma inglês que significa em português barro, lama) mostra um depósito de pontos em massa próximos ao canal cervical e está também relacionada a processos infecciosos dentro do útero, próximo ao bebê (corioamnioite). Estes marcadores devem ser avaliados juntamente com o comprimento do colo uterino, que já vem sendo realizado há algum tempo pela maioria das clínicas de ultra-som.

Exames especiais para avaliação do bem-estar fetalO EGE e o SLUDGE, em conjunto com outros, podem alcançar até 80% do diagnóstico precoce de risco de parto prematuro e, com isto, medidas preventivas poderão ser tomadas e as complicações evitadas. Monitoragem Fetal – Cardiotocografia anteparto e intraparto É o registro da freqüência cardíaca fetal (como em um eletrocardiograma), dos movimentos do feto e das contrações uterinas. Esses registros são realizados por um aparelho colocado sobre o útero gravídico da mãe. Deve ser realizado em repouso, nas últimas semanas de gestação e no próprio consultório, ou então no período intraparto – durante as contrações do trabalho de parto – quando a paciente já está internada na maternidade. Os t r a ç ado s são colocados simultaneamente num gráfico, e a interpretação nos dá idéia da vitalidade fetal, podendo ser detectado até mesmo a existência de cordão umbilical ao redor do pescoço do bebê (circular), além de outras alterações que colocam em risco a gestação.

Perfil Biofísico Fetal

É a análise do comportamento fetal realizada através do ultra-som que verifica, minuciosamente, 4 a 5 comportamentos do feto:

1. Movimentos respiratórios
2. Volume do líquido amniótico
3. Movimentos fetais
4. Tono fetal (extensão e flexão dos membros)
5. Cardiotocografia

Esse exame dura cerca de 30 minutos, e dá notas para cada um dos itens relacionados acima. O somatório dos pontos nos dá a idéia do bem-estar fetal.

Dopplervelocimetria (Doppler Colorido)

É um exame realizado com aparelhos de ultra-som, que apresentam, como recurso adicional, a possibilidade de se visualizar os vasos sanguíneos, em cores. Assim, pode-se avaliar a velocidade do sangue materno e fetal. O Doppler dá muita segurança em relação ao bem-estar fetal, e tem várias aplicações na área de obstetrícia. Quando existe alteração na circulação materna (artérias uterinas), a paciente está mais sujeita a apresentar, por exemplo, hipertensão arterial (pressão alta) na gestação, por isso é importante um bom exame de prevenção. Em relação ao feto, a avaliação da velocidade sanguínea nas artérias umbilicais e cerebrais é particularmente importante no diagnóstico de retardo de crescimento intra-uterino, visto que existe grande correlação entre a quantidade de fluxo sanguíneo e a oxigenação do bebê. É, portanto, um exame de grande auxílio na decisão do momento mais adequado para determinar o dia mais indicado para o parto.

Risco de aborto conforme o aumento da idade materna

Tabela original da Reproductive Potential in the Older Woman De P.R. Gindoff e R. Jewelewicz. Fertility and Sterility. 46:989, 1986. Reproduzida com permissão do Editor.
Risco de aborto conforme o aumento da idade materna

O aborto

O aborto espontâneo pode ocorrer até a 20ª semana de gestação (4 meses e meio), mas é muito mais freqüente nos primeiros 3 meses. É muito frustrante para um casal eufórico em face de um início de gestação e, conseqüentemente de uma nova perspectiva diante da vida, de repente, ver interrompida essa felicidade. O aborto espontâneo é uma fatalidade relativamente comum que acomete de 20 a 25% das gestações laboratorialmente confirmadas, isto é, a cada cinco mulheres grávidas que chegam a um consultório, uma deve abortar. Se considerarmos as gestações iniciais, logo após a fecundação, muitas são abortadas antes mesmo do atraso menstrual. O principal motivo para isso (70%), são as malformações. Sob esse prisma, podemos considerar o aborto um reflexo da natureza que, ao reconhecer um bebê não-saudável, incumbe-se de evitar o seu desenvolvimento, e impede que essa mulher chegue ao final da gestação e dê à luz um bebê com problemas de saúde. A falha desse processo, isto é, o não reconhecimento desses embriões com anomalias, leva à ocorrência de recém-nascidos com problemas. Recomenda-se, à princípio, repouso e medicação adequada até que se confirme a inviabilidade dessa gestação, pois 70% das causas de aborto são devidas a malformações. Se houver anomalias físicas ou genéticas, mesmo com as medidas preventivas adotadas, não poderão impedir a eliminação desse feto, e o aborto ocorrerá espontaneamente. As outras causas, quando identificadas e tratadas, permitem a continuidade da gravidez até o fim. O fato de uma paciente abortar numa gestação, não significa que em outras o aborto se repetirá, nem que terá filhos com problemas.

Por: Grávida Feliz.

Publicado em: 02/06/2016.

Fonte:http://www.gravidafeliz.com.br/risco_de_aborto_conforme_o_aumento_da_idade_materna.html

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