Muita gente tem dificuldade para esperar o retorno das consultas médicas e costuma abrir exames antes. E, sem conhecimento para interpretar os resultados, a dúvida pode deixar muita gente desesperada. É o que geralmente acontece com quem descobre um nódulo na tireoide. Mas, de acordo com a Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM), em cerca de 90% dos casos, os nódulos são benignos.

O endocrinologista Ivan Cesar Correia de Sousa explica que o exame para verificar a saúde da glândula era pedido em demasia. “Muita gente faz esse exame aleatoriamente, e é normal encontrar nódulos benignos em muita gente”.

Um nódulo na glândula tireoide é nada mais que uma massa de tecido que cresceu por conta dos próprios hormônios produzidos pelo órgão, ou um cisto com líquido. Quando um médico recebe o resultado do exame, percebe já pelas características, tamanho ou posição, se há riscos ou não.

Apesar de não existirem números específicos, os nódulos na tireoide são comuns com o passar dos anos. Quem já passou dos 40 anos tem mais chance de encontrar um nódulo do que alguém com 20 – o que não significa que um jovem não possa ter um nódulo maligno.

Após a descoberta

Para quem tem mais de um caso de nódulo na família, o exame é necessário e pode ser pedido para um endocrinologista. Até porque, geralmente não há sintomas nos casos de nódulos e apenas 1% de todos eles é palpável. Porém, quando um nódulo se torna grande, pode causar dor, rouquidão ou atrapalhar na hora de engolir ou respirar.

Quem encontra um nódulo, mesmo que menor que um centímetro, geralmente recebe do médico a orientação de refazer exames semestralmente para acompanhar a evolução e saber se está tudo bem.

Cerca de 8% dos casos de câncer na tireoide são em homens e 4% em mulheres.

O que fazer

Conforme a SBEM, a maioria dos nódulos da tireoide é encontrada no exame físico de rotina. O próximo passo médico é realizar testes de laboratório para verificar o tipo de nódulo, que pode ser hiperfuncionante (produtor de muito hormônio, chamado de nódulo quente) ou hipofuncionate (não produtor de hormônio, o nódulo frio).

O médico pode pedir ainda biópsia, ultrassonografia ou cintilografia de tireoide.

A biópsia normalmente é aspirativa por agulha fina, método que remove células ou amostras de fluido do nódulo. O teste é preciso para a identificar se o nódulo apresenta ou não riscos.

Na ultrassonografia, a equipe verifica se o nódulo é sólido ou preenchido com fluido (cisto). Esse exame, apesar de não mostrar se o problema é benigno ou maligno, é útil para guiar o médico sobre onde exatamente fazer a biópsia aspirativa.

Na cintilografia de tireoide é usado iodo radioativo e uma câmera especial para se obter imagens e saber se o nódulo é hipo ou hiperfuncionante – que indica ou não o câncer.

Nódulos cancerosos ou suspeitos geralmente são retirados cirurgicamente. Outros tipos são removidos se estiverem muito grandes. E, dependendo de cada paciente, é indicado um tratamento hormonal para substituir o trabalho que a glândula deixou de realizar.

Tratamento mais fácil

Uma nova técnica bastante conhecida na Ásia, Europa e Estados Unidos pode ajudar pacientes que encontraram algum tipo de nódulo benigno, mas que precisa de tratamento. Foi aprovado há menos de seis meses pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) o uso do método minimamente invasivo chamado de ablação por radiofrequência. É usado nos casos de nódulos benignos hiperfuncionantes – os que produzem hormônios desnecessariamente.

Trata-se de um eletrodo ultrafino introduzido no nódulo e guiado por ultrassom. Quando está no local certo, esse eletrodo libera uma onda de radiofrequência, matando as células tumorais, evitando também que elas se multipliquem.

A agulha de radiofrequência já era amplamente utilizada no Brasil há cerca de dez anos com liberação da Anvisa, mas para procedimentos no fígado e rim. Por isso, não é tão comum médicos utilizarem o método para a tireoide.

Outras indicações

O procedimento não é coberto pelo Sistema Único de Saúde, explica Célia Regina Nogueira, presidente do Departamento de Tireoide da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM).

“O método às vezes é indicado também para pacientes com nódulos muito grandes que ficam com dificuldades de respirar ou engolir – o que hoje não é tão comum, por conta da inserção de iodo na nossa alimentação, por meio do sal de cozinha”, explica ela.

É importante lembrar que em casos de nódulos malignos a indicação é sempre a remoção. O médico cirurgião de cabeça e pescoço do Hospital Alemão Oswaldo Cruz e coordenador do Curso de Medicina da Faculdade Uninove – Campus São Bernardo do Campo, Erivelto Volpi, complementa que nesses principais opções terapêuticas são a cirurgia (tireoidectomia) e eventualmente o tratamento com levotiroxina, sendo que este é indicado em casos muito específicos.

Volpi diz ainda que “as principais vantagens da ablação por radiofrequência em face da cirurgia são o tratamento dos nódulos sem cortes e as chances de preservação da glândula, além de ser um tratamento ambulatorial”.

Ainda de acordo com o cirurgião de cabeça e pescoço, a técnica apresenta resultados altamente satisfatórios na diminuição dos nódulos e na resolução dos sintomas compreensivos e estéticos, pois não ficam cicatrizes.

“O resultado mais importante é a preservação da função tireoidiana mantida em praticamente 100% dos pacientes”, destaca Volpi.

POR: OSWALDO CRUZ

PUBLICADO EM: 03/06/2023

FONTE: https://centrodeoncologia.org.br/sua-saude/nodulo-na-tireoide-e-comum-com-idade/#:~:text=Apesar%20de%20n%C3%A3o%20existirem%20n%C3%BAmeros,possa%20ter%20um%20n%C3%B3dulo%20maligno.

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