A prematuridade é um dos grandes problemas que a obstetrícia enfrenta. Estima-se que anualmente ocorra aproximadamente 15 milhões de partos prematuros no mundo. O que equivale a um prematuro a cada 10 nascimentos! Apesar de ser um problema muito prevalente, é possível que essas taxas de partos prematuros sejam reduzidas com um bom pré-natal.

O que é o parto prematuro?

Um parto prematuro é aquele que acontece antes do bebê completar 37 semanas de gestação. Mas você deve concordar comigo que esse conceito é muito amplo, não é mesmo? Por conta disso dividimos o parto prematuro em 3 categorias:

  • Prematuro extremo: nascimento com menos de 28 semanas;
  • Muito prematuro: de 28 semanas até 31 semanas e 6 dias;
  • Prematuro moderado: entre 32 semanas e 36 semanas e 6 dias.
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Além de serem classificados pela idade gestacional, esses bebês também são classificados em relação ao peso de nascimento. Os que nascem com menos que 2,5 kg possuem um baixo peso ao nascer, e os com menos que 1,5 kg tem muito baixo peso ao nascer.

Quais são os fatores de risco para um parto prematuro?

O trabalho de parto prematuro pode ser causado por inúmeros fatores e em muitos casos a causa pode não ser identificada. Contudo, já foram descritas algumas situações em que foi observado um maior risco, como:

  • Fatores sociais: mulheres com baixo nível socioeconômico; baixo nível educacional; altos níveis de estresse;
  • Mulheres negras;
  • Hábitos de vida: uso de álcool, tabaco e drogas;
  • História obstétrica: parto prematuro anterior; intervalo entre as gestações inferior a 6 meses;
  • Gestação com menos de 17 anos ou mais de 35 anos de idade;
  • Gestações múltiplas;
  • Intercorrências na gestação: pré-eclâmpsia; diabetes gestacional; cirurgias uterinas no primeiro ou segundo trimestre; infecção urinária, vaginose bacteriana;
  • Doenças crônicas: hipertensão arterial, diabetes, doenças da tireóide, asma, doença renal;
  • História ginecológica: malformação uterina (útero bicorno, útero septado, útero didelfo).

A maioria dos partos prematuros ocorre espontaneamente e por uma variedade de fatores, como os citados acima. Alguns desses fatores de risco são “modificáveis”, o que significa que eles podem ser alterados para ajudar a reduzir o risco, enquanto outros não podem ser alterados. No entanto, infelizmente em cerca de 50% dos casos, nenhuma causa para o bebê nascer muito cedo pode ser identificada.

Quais são as consequências para o bebê se ele nascer prematuro?

Quando um bebê nasce antes das 37 semanas de gestação, alguns dos seus órgãos podem não estar completamente prontos para desempenhar suas funções. Por isso, o bebê pode ter dificuldade para respirar sozinho e para se alimentar, por exemplo. Também pode ocorrer um risco maior de infecções neonatais e de hemorragias cerebrais, por imaturidade desses órgãos.

Outro fator, é o quadro cognitivo. É comum que os bebês prematuros tenham um atraso no desenvolvimento neurológico, quadros de paralisia cerebral e transtornos de aprendizado. Quanto menor a idade gestacional no parto, maiores as chances dos bebês terem tais transtornos.

De maneira geral, a mortalidade infantil a curto e longo prazo são altas, sendo responsáveis por 75% das taxas de mortalidade perinatal. Mas os impactos da prematuridade variam muito de acordo com a qualidade do atendimento prestado após o nascimento, a idade gestacional que o bebê nasce e o peso ao nascimento.

Existe rastreamento para avaliar o risco de parto prematuro?

Sim!

Uma consequência lógica da complexidade do trabalho de parto prematuro é que não existe um único marcador para identificar o paciente em risco ou uma única intervenção para evitar todos, ou mesmo, a maioria dos casos de prematuridade.

Porém, algumas medidas podem ser tomadas para avaliar esse risco!

Durante o pré-natal, o obstetra deve tentar rastrear o risco que uma gestante tem de ter um parto prematuro acessando sua história clínica e obstétrica. Além de realizar o exame físico para identificar algum sinal de parto prematuro como modificações na atividade uterina, apagamento do colo uterino, alguma dilatação do colo uterino antes da hora.

Além disso, a ultrassonografia transvaginal para a medida do colo uterino é o método de rastreamento de parto prematuro mais eficiente até o momento. Isso porque sabemos que o apagamento do colo uterino e o seu encurtamento precedem o trabalho de parto em algumas semanas. Assim, quando a medida do comprimento do colo uterino, entre 20 e 24 semanas de gestação, é menor que 25 mm indica que a gestante tem maiores chances de um parto prematuro.

A medida do colo uterino na época do Ultrassom Morfológico de 2º Trimestre deve ser oferecida para toda gestante para o rastreamento do parto prematuro! Lembre-se que a maioria dos partos prematuros ocorre sem que a paciente tenha nenhum fator de risco identificável em sua história. E o colo uterino curto pode ser o único sinal desse risco aumentado.

Além da medida do colo uterino, existem alguns outros marcadores que podem sinalizar um risco aumentado para o parto pré-termo. Dentre eles temos a fibronectina fetal, interleucina-6, slugde, dentre outros. Exceto a fibronectina fetal, outros marcadores para o rastreio do parto prematuro precisam de mais estudos para serem validados na prática clínica.

A partir do rastreamento do parto prematuro através da história clínica e obstétrica da gestante e da medida do colo uterino, o médico irá definir alguma conduta para prevenção do parto prematuro.

Por: Blog da Fetali

Publicado em: Fevereiro 2023

Fonte: https://fetali.com.br/prematuridade/

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